domingo, 11 de março de 2018

Revivendo Aimée de Heeren - Consulesa Honorária do Brasil em Biarritz



Revivendo Aimée de Heeren



Esposa do milionário Rodman Arturo de Heeren, herdeiro das lojas Wanamaker, foi a elegante e sempre lembrada Consulesa Honorária do Brasil no balneário turístico de Biarritz, na Côte d'Argent, França


Por Thiago de Menezes *


Aimée de Heeren (ou melhor, Aimée Sottomaior de Sá), conhecida na crônica social mundana como amiga de Coco Chanel desde 1939, faleceu em 2006 aos 103 anos de idade. Deixou uma fortuna incalculável. Era tão rica quanto a vida que levou, com grandes emoções, amores, joias, propriedades e incursões no alto mundo diplomático. Viveu de modo grandioso por um século. Foi esposa de Rodman de Heeren, filho de Fernanda Wanamaker, da dinastia da maior cadeia de lojas de departamentos da Filadélfia, e do diplomata espanhol Arturo de Heeren. Anfitriã impecável foi dona de belas casas e apartamentos em Nova York, Palm Beach, Biarritz e Paris. Levou uma vida inatingível aos pobres mortais e seria eleita pela revista Time, em 1941, uma das três mulheres mais elegantes e mais bem vestidas do mundo, atrás apenas de Wallis Simpson, a duquesa de Windsor, e de Barbara Cushing, editora de moda da Vogue dos Estados Unidos. Mais tarde, seria incluída no Fashion ‘Hall of Fame’.




Bem jovem, casou-se com o primo distante Luís Simões Lopes, criador da Fundação Getúlio Vargas e braço direito do presidente. Na verdade, ela foi a grande paixão de Getúlio Vargas, o político que governou o Brasil por mais tempo, duas décadas. A biografia “Getúlio — Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo: 1930-1945” (Com­panhia das Letras, 595 páginas), do jornalista Lira Neto, que chegou às livrarias com grande aparato mercadológico na época de seu lançamento, trazia publicamente essa revelação. A paranaense Aimée Sotto Mayor Sá, ou simplesmente Aimée, a “Bien-Aimée” (a bem-amada), foi, segundo Lira Neto, “a amante mais assídua de Getúlio”. Segundo o presidente, a Bien-Aimé era “a luz balsâmica e compensadora dos meus dias atribulados”. Sutil, ele saía escondido do Palácio do Catete para encontrá-la. “Chovia, e fiz uma escapada agradável”, como ele eternizaria em diários.  Aimée parece ter sido a grande paixão de Getúlio, que teria em sua lista de conquistas, a vedete Virgínia Lane, a poetisa Adalgisa Nery e a cantora Linda Baptista.



Jorge Alkmim, neto do jornalista Assis Chateaubriand, lembrou recentemente em redes sociais, que o avô, quando era embaixador do Brasil em Londres, fora apaixonado por ela. Segundo Fernando Moraes, o biógrafo de Chateaubriand, Aimée foi a mais duradoura de suas paixões. Para satisfazer-lhes seus caprichos, o jornalista conseguiu que o Presidente Juscelino Kubistchek, em meados da década de 1950, a nomeasse consulesa honorária do Brasil no balneário turístico de Biarritz, na Côte d'Argent, no sudoeste da França, onde ela tinha uma casa de veraneio, apenas para desfrutar de um passaporte diplomático. Além do marido, de Gegê e de Chatô, teve grandes apaixonados, como o duque de Buccleuch, um dos homens mais ricos da Grã-Bretanha e dono de terras na Escócia.




A ninguém Aimée de Heeren dizia sua verdadeira idade. Mesmo que pudessem fazer cálculos e imaginar, seus amigos e admiradores só ficaram sabendo que ela nasceu em 1903 quando, em 2006, aos 103 anos, morreu parecendo ter uns 25 ou 30 menos. Foi espontaneamente divertida e refinada!





(Fotos: Reprodução)


* Thiago de Menezes - Jornalista e escritor especializado em Turismo e credenciado pela EMBRATUR. Adido de Imprensa da ACONBRAS – Associação dos Cônsules no Brasil e Agente Consular do Cônsul Honorário da República da Guiné-Bissau em São Paulo, SP, com jurisdição sobre os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Membro da Diretoria da AIERJ – Associação de Imprensa do Estado do Rio de Janeiro. Contato: menezes.turismo@gmail.com

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