Revivendo
Aimée de Heeren
Esposa do milionário
Rodman Arturo de Heeren, herdeiro das lojas Wanamaker, foi a elegante e sempre
lembrada Consulesa Honorária do Brasil no balneário turístico de Biarritz, na
Côte d'Argent, França
Por Thiago
de Menezes *
Aimée de Heeren (ou
melhor, Aimée Sottomaior de Sá), conhecida na crônica social mundana como amiga
de Coco Chanel desde 1939, faleceu em 2006 aos 103 anos de idade. Deixou uma
fortuna incalculável. Era tão rica quanto a vida que levou, com grandes
emoções, amores, joias, propriedades e incursões no alto mundo diplomático. Viveu
de modo grandioso por um século. Foi esposa de Rodman de Heeren, filho de
Fernanda Wanamaker, da dinastia da maior cadeia de lojas de departamentos da
Filadélfia, e do diplomata espanhol Arturo de Heeren. Anfitriã impecável foi
dona de belas casas e apartamentos em Nova York, Palm Beach, Biarritz e Paris. Levou
uma vida inatingível aos pobres mortais e seria eleita pela revista Time, em
1941, uma das três mulheres mais elegantes e mais bem vestidas do mundo, atrás
apenas de Wallis Simpson, a duquesa de Windsor, e de Barbara Cushing, editora
de moda da Vogue dos Estados Unidos. Mais tarde, seria incluída no Fashion ‘Hall
of Fame’.
Bem jovem, casou-se
com o primo distante Luís Simões Lopes, criador da Fundação Getúlio Vargas e
braço direito do presidente. Na verdade, ela foi a grande paixão de Getúlio
Vargas, o político que governou o Brasil por mais tempo, duas décadas. A biografia
“Getúlio — Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo: 1930-1945”
(Companhia das Letras, 595 páginas), do jornalista Lira Neto, que chegou às
livrarias com grande aparato mercadológico na época de seu lançamento, trazia publicamente
essa revelação. A paranaense Aimée Sotto Mayor Sá, ou simplesmente Aimée, a
“Bien-Aimée” (a bem-amada), foi, segundo Lira Neto, “a amante mais assídua de
Getúlio”. Segundo o presidente, a Bien-Aimé era “a luz balsâmica e compensadora
dos meus dias atribulados”. Sutil, ele saía escondido do Palácio do Catete para
encontrá-la. “Chovia, e fiz uma escapada agradável”, como ele eternizaria em
diários. Aimée parece
ter sido a grande paixão de Getúlio, que teria em sua lista de conquistas, a
vedete Virgínia Lane, a poetisa Adalgisa Nery e a cantora Linda Baptista.
Jorge Alkmim, neto do
jornalista Assis Chateaubriand, lembrou recentemente em redes sociais, que o
avô, quando era embaixador do Brasil em Londres, fora apaixonado por ela. Segundo
Fernando Moraes, o biógrafo de Chateaubriand, Aimée foi a mais duradoura de
suas paixões. Para satisfazer-lhes seus caprichos, o jornalista conseguiu que o
Presidente Juscelino Kubistchek, em meados da década de 1950, a nomeasse
consulesa honorária do Brasil no balneário turístico de Biarritz, na Côte
d'Argent, no sudoeste da França, onde ela tinha uma casa de veraneio, apenas
para desfrutar de um passaporte diplomático. Além do marido, de Gegê e de Chatô,
teve grandes apaixonados, como o duque de Buccleuch, um dos homens mais ricos
da Grã-Bretanha e dono de terras na Escócia.
A ninguém Aimée de
Heeren dizia sua verdadeira idade. Mesmo que pudessem fazer cálculos e
imaginar, seus amigos e admiradores só ficaram sabendo que ela nasceu em 1903
quando, em 2006, aos 103 anos, morreu parecendo ter uns 25 ou 30 menos. Foi
espontaneamente divertida e refinada!
(Fotos:
Reprodução)
* Thiago
de Menezes - Jornalista e escritor especializado em Turismo e
credenciado pela EMBRATUR. Adido de
Imprensa da ACONBRAS – Associação dos Cônsules no Brasil e Agente Consular
do Cônsul Honorário da República da Guiné-Bissau em São Paulo, SP, com
jurisdição sobre os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Membro da
Diretoria da AIERJ – Associação de Imprensa do Estado do Rio de Janeiro. Contato:
menezes.turismo@gmail.com
Gostaria de saber se ha alguma biografia sobre Aimee de Heeren.
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